Foto: Facebook (editada)
O secretário municipal de meio ambiente da prefeitura municipal de São Gonçalo, Ricardo Harduim, concedeu na segunda-feira passada, dia 23/11, uma entrevista exclusiva ao blog 'A política RJ', onde o secretário comentou sobre sua administração à frente da pasta e sobre os projetos atuais e futuros para a secretaria. 

De antemão, nosso blog agradece ao secretário!

A política RJ: Quais avanços a sua secretaria já fez? O que mudou em comparação à administração anterior?

Ricardo Harduim: Não imaginava que iria gastar tanto tempo para organizar processos. Havia milhares deles parados empilhados nas salas da secretaria. Até hoje temos processos abertos em 3, 4 ou 5 anos passados aguardando tramitação. Estamos gastando um tempo precioso analisando esses documentos para arquivar ou dar prosseguimento ou encaminhar vistorias. É lamentável, e às vezes desanimador, perdermos tanto tempo com ações administrativas. Não tenho parâmetros para comparar nossa gestão por outros que aqui passaram. O que posso garantir é que a nossa equipe trabalha de forma séria e tentamos ser efetivos. Nosso compromisso está associado diretamente com a sociedade gonçalense e com o meio ambiente. Reorganizamos as saídas dos fiscais à rua, aceleramos o atendimento ao setor de áreas verdes, simplificamos a lista de documentos a serem apresentados para a abertura de processos de licenciamento, otimizamos a equipe de trabalho, reorientamos funções e incentivamos os funcionários ao aprendizado.

APRJ: O senhor também falou que educação ambiental seria sua prioridade na pasta e falou que a prefeitura iria estudar e trazer à população uma postura adequada em ralação ao destino final do lixo, condições ambientais e desperdícios. A secretaria está realizando estes projetos? O que tem feito para reter os desperdícios como água, por exemplo? 

Ricardo: A Educação Ambiental sempre foi e sempre será a minha prioridade. Deveria ser de todo gestor público. Criamos um programa de palestras nas escolas (Educação Ambiental ‘Formal’) que está funcionando bem. Até hoje conseguimos atender todas as solicitações. Quando o tema proposto é floresta ou água, convidamos os alunos a plantarem mudas de árvores nativas da Mata Atlântica no pátio da escola após a palestra. Está dando certo. Começaremos junto ao próximo calendário escolar um programa de visita orientada na APA do Engenho Pequeno e outro no CTR Alcântara. O primeiro para mostrar à criança gonçalense que há áreas bucólicas em nossa cidade que devem ser valorizadas. O segundo é favorecer a reflexão da criança gonçalense acerca do seu entendimento em relação ao lixo vendo in loco o quanto se gera de resíduos na cidade. Confeccionamos um adesivo sob a forma de ‘gota’ com uma frase de efeito e afixamos nas torneiras das escolas e hospitais da cidade. Disponibilizamos também esse mesmo material de Educação Ambiental ‘Informal’ gratuitamente para quem desejar afixar em seus banheiros ou cozinhas.

APRJ: A prefeitura vem fazendo plantio de árvores pela cidade? Quais bairros já foram beneficiados com arborizações? 

Ricardo: Já plantamos muitas árvores e precisamos plantar muito mais. Estamos arborizando as principais vias da cidade em parceria com o setor de Parques e Jardins. Esse resultado já é visível em algumas ruas como, por exemplo, entre a UERJ o Carrefour. São mudas de árvores adequadas às calçadas plantadas com aproximadamente 2 metros de altura e com proteção para evitar ações de vandalismo.

APRJ: Ainda este ano, nosso blog publicou uma matéria falando sobre a falta de arborização no bairro Jardim Catarina, levando à um ponto onde moradores tem de buscar sombra em baixo de postes. A prefeitura tem ou já realizou algum projeto de arborização nesse bairro? Ou algum projeto de incentivo para os moradores?

Ricardo: Lançamos um programa de doação de mudas nativas da Mata Atlântica. Quando o morador deseja plantar uma árvore em seu terreno ou mesmo na calçada, é orientado por nossa equipe acerca de qual espécie é mais adequada e recebe a(s) muda(s) gratuitamente.

APRJ: São Gonçalo é a 3º cidade que mais polui a baía de Guanabara. Como o senhor vê isso?

Ricardo: A Baía de Guanabara sofre com a poluição das águas, seja por indústrias, fábricas, resíduos ou esgoto doméstico. A agressão é incalculável e permanente. Porém, estamos recebendo equipamentos e investimentos por parte do novo programa de despoluição da baía, o PSAM – Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Guanabara. O trabalho é desenvolvido e coordenado pelo governo estadual com patrocínio do BID – Banco Interamericano e conseguimos trazer para São Gonçalo a primeira ETE – Estação de Tratamento de Esgoto desse programa com a implantação da rede de coleta e algumas elevatórias.

APRJ: E os rios da cidade? O Rio Alcântara é um grande problema na área ambiental além da grande poluição visual que causa ao bairro. O rio Guaxindiba é o rio de São Gonçalo que mais polui a Guanabara. A prefeitura tem projetos para esses rios? Quais projetos estão sendo feitos para diminuir esse impacto? São Gonçalo está fazendo a sua parte?

Ricardo: O Rio Alcântara foi o primeiro contemplado [com os projetos citados acima], exatamente esse rio que eu atravessava as suas águas quando criança. Talvez seja um motivo de alegria em meio a tantas perturbações ecológicas. A nossa função como Secretaria Municipal de Meio Ambiente, consiste em licenciar essas obras e monitorá-las garantindo o cumprimento das condicionantes. É o que temos feito. Além disso, recuperamos a participação da cidade nos importantes fóruns de discussão nessa área. Hoje, participamos do Sub-Comitê Leste da Baía de Guanabara, do próprio Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, do Conselho da APA de Guapimirim. Estou como Vice-Presidente da ANAMMA – Associação dos Órgãos Ambientais dos Municípios e credenciado pelo Itamaraty, juntamente com o prefeito, a compor a delegação brasileira que participará da COP21 - Conferência das Partes sobre as Mudanças Climáticas. O acompanhamento por meio de debates coletivos é primordial para ganharmos força e garantirmos voz nas ações implementadas na cidade.

APRJ: Ainda na entrevista à Revista Rebia, o senhor falou que iria lançar planos de ações ambientais sobre água, energia, estudos cicloviário, formação de monitores ambientais e etc. Como estão os avanços desse projeto? Alguma ação das citadas acima já foi implantada na cidade?  

Ricardo: O ‘tempo’ não está se comportando bem, não está sendo um bom amigo... Estamos em meio a um grande esforço para tentar recuperar esse tempo perdido. Temos hoje um desenho cicloviário para um bairro da cidade que aguarda o momento oportuno para ser colocado em prática. Estamos buscando maior interação com o projeto do BRT Alcântara Niterói passando pela RJ-104 para que seja previsto a ciclovia em toda a extensão da via. Sobre os monitores: já passaram mais de 30 voluntários ambientais pela secretaria e hoje renovamos o grupo certificando aqueles que já cumpriram a carga horária por aqueles que se interessam pela oportunidade.

APRJ: Quais projetos a sua secretaria vem realizando no município? Como está o projeto de combate à poluição sonora? 

Ricardo: A poluição sonora é o item campeão de denúncias na Secretaria de Meio Ambiente. Estamos dando uma atenção especial a essa questão em função de ser uma preocupação da população de nossa cidade. Todas as quintas e sextas-feiras enviamos uma equipe de fiscais à noite para atender aos pedidos. Há ações esporádicas em outros dias da semana à noite e de dia o trabalho continua verificando as empresas que ultrapassam os níveis de decibéis, como marmorarias, por exemplo.

APRJ: Qual foi a dificuldade assim que começou a sua administração?

Ricardo: Entender a situação em que se encontra o órgão público é sempre um grande desafio. Colocar a casa em ordem foi e ainda está sendo uma grande dificuldade. Organizar e dar fluidez aos trabalhos foi difícil também.

APRJ: Como é a atuação do partido verde na cidade?

Ricardo: Ainda não chegou o momento para o envolvimento direto na política partidária municipal. Os encaminhamentos nessa área somente agora começam a tomar forma.

APRJ: Quais experiências o senhor trouxe de Niterói para São Gonçalo, quando foi subsecretário lá? O que tem de diferente? O que Niterói tem que São Gonçalo não tem no que diz respeito a sua área?

Ricardo: Fui subsecretário e secretário em Niterói durante um bom período. Colaborei na criação da primeira secretaria do meio ambiente daquela cidade. Trabalhei muito tempo sem orçamento e sem estrutura. Em São Gonçalo temos uma boa equipe de concursados, Conselho do Meio Ambiente, Código Ambiental, 4 Unidades de Conservação, Agenda 21 e temos autonomia junto ao INEA para licenciamento em inúmeras atividades.

APRJ: Qual será o orçamento de 2016 para a sua pasta?

Ricardo: Teremos aproximadamente 2 milhões para trabalhar o meio ambiente em São Gonçalo no próximo ano.

APRJ: Como o senhor vê São Gonçalo no que diz respeito ao meio ambiente? 

Ricardo: Vejo o óbvio, o que todos veem. Tudo que está relacionado ao meio ambiente em São Gonçalo ainda necessita de iniciativas: ar, água, solo, subsolo, florestas, arborização urbana, educação ambiental, sustentabilidade, energias renováveis, etc.. Temos ainda um conjunto de ações, projetos e programas a serem desenvolvidos. Para um biólogo, isso tanto assusta quanto entusiasma.