Políticos envolvidos: Ex-vereadores e secretários de saúde e até
deputado estadual. O dinheiro financiava campanhas.
Foto: Claudionei Abreu/A política RJ 
O Ministério Público do Rio (MP-RJ) investiga uma quadrilha que desviava dinheiro público da saúde forjando consultas em clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Como mostrou o RJTV desta quinta-feira (25), as clínicas geravam um registro de consultas que nunca aconteceram, e políticos que estavam envolvidos no esquema embolsavam o dinheiro. Entre os suspeitos de participarem do esquema estão três secretários de Saúde de São Gonçalo. Pelos cálculos do Ministério Público, a fraude chegou a R$ 35 milhões.

A Clínica Porto da Pedra, em São Gonçalo, atualmente, é um prédio abandonado. A unidade foi descredenciada do SUS depois que investigadores descobriram que ela recebia por atendimentos que nunca foram feitos. Um morador que prefere não se identificar foi uma das vítimas de fraude. Nos arquivos da clínica, há registros de que ele foi atendido mais de uma vez por um ortopedista, mas a consulta só existiu no papel.

Ele alega que nunca frequentou a Clínica Porto da Pedra para fazer exames ortopédicos, mas havia registro em seu nome, inclusive, de um exame de Raio-X.

Odontológica Barro Vermelho e o Laboratório de Análises Clínicas Dr. Nívio Pedro Martini.
O esquema funcionava da seguinte forma: funcionários copiavam a assinatura dos pacientes atendidos em clínicas conveniadas ao SUS e, com essas assinaturas falsas, lançavam no sistema consultas que nunca foram feitas, mas que eram pagas às clínicas com o dinheiro do SUS. O grupo também fazia pedidos falsos de exames, e o dinheiro pago aos laboratórios ficava com a quadrilha.

As fraudes também incluíam o escritório de advogados Oliveira e Prates. Ele seria responsável por organizar a papelada que era enviada ao SUS. A sede deveria ficar no bairro Jardim Alcântara, na Rua Jovelino de Oliveira Viana, nº 200. Só que o endereço do escritório não existe. A empresa de fachada foi criada para facilitar a captação de dinheiro. Os registros mostram que mesmo sem sede nem funcionário, a conta bancária do escritório recebeu R$ 640 mil em três anos. Desvios pagaram campanhas.

O Ministério Público constatou que o dinheiro desviado do SUS serviu para financiar campanhas políticas do ex-vereador de São Gonçalo Aristeo Eduardo Teixeira da Silveira, o Eduardo Gordo – que chegou a ser presidente da Câmara –, e também do filho dele, o deputado estadual Aristeu Raphael Lima da Silveira, o Rafael do Gordo, do PMDB.

Os investigadores dizem que Eduardo Gordo comprou imóveis com o dinheiro desviado da saúde. Um deles é um terreno que fica em Cachoeiras de Macacu.

Entre os acusados ainda estão: Ana Maria Viegas de Lima, mãe de Rafael do Gordo; Alberto Carlos Porto Diaz André, ex- procurador do município e ex-secretário de habitação de São Gonçalo; e três ex-secretários de saúde do município: Paulo César de Castro, Einars Wilis Sturms e Márcio Panisset.

O RJTV entrou em contato com o PMDB, partido do Eduardo Gordo e do Rafael do Gordo, mas mas até a publicação desta reportagem não havia tido retorno. Também foi tentato contato com o ex-secretário Einars Sturms, mas ninguém atendeu. A produção não conseguiu localizar os outros denunciados pelo Ministério Público.

Nº Processo: 0011234-06.2016.8.19.0004

Por G1