Lixão de Itaoca | Foto: Jornal do Brasil (JB)
Fechado há quatro anos por determinação da Lei Nacional de Resíduos Sólidos, o Aterro Sanitário de Itaoca continua desde então recebendo diariamente lixo de forma clandestina. A irregularidade pode ser flagrada nos arredores do antigo lixão e preocupa ambientalistas, por se tratar de uma região de mangue, com impacto direto nas condições das águas da Baía de Guanabara, onde serão realizadas as provas de vela das Olimpíadas do Rio neste ano.

Para agravar a situação, boa parte do despejo feito no mangue estaria sendo realizado pela empresa Marquise, contratada por R$ 105 milhões pela Prefeitura de São Gonçalo para fazer a coleta domiciliar. Pelo menos é o que afirma o vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal, Marlos Costa (PSB), dizendo que a comissão vai entrar com uma denúncia no Ministério Público (MP) contra a empresa e a prefeitura. “O que me parece é que a Marquise está querendo economizar, uma vez que, despejando o lixo no lixão irregular, não tem que pagar as taxas ao Aterro Sanitário do Anaia, que deveria ser o local correto do descarte”, declarou o vereador.

O biólogo Mario Moscatelli, que acompanha de perto a situação há alguns meses, diz que essa prática de depositar lixo na região de mangue está se tornando comum, desde que o lixão foi fechado, devido à falta de fiscalização. “Tenho visto esses despejos regularmente e, infelizmente, o poder público se faz ausente desse problema. Não há fiscalização em nenhuma esfera. Seja ela municipal, estadual ou federal. A última vez que estive lá [na região do lixão] tem um mês e fiquei muito preocupado”, observa o Moscatelli.

O ambientalista ressalta ainda que a região do mangue de Itaoca é vizinha à Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim e que a sua degradação é um risco não só ambiental, mas também para a saúde de quem vive na área atingida direta ou indiretamente pelo despejo de lixo irregular. “O que ainda resta do último trecho conservado da Baía de Guanabara está ali e, por conta da falta de fiscalização, isso vai se perder. São toneladas de lixo sólido, como pneus, que se transformam em grandes criadores de Aedes aegypti responsáveis por sérias doenças que conhecemos. Fora isso, aquele trecho de mangue é propício a inundação, então não vai me espantar se houver uma grande chuva e alagar os bairros vizinhos”, alerta Mario Moscatelli.

Procuradas, a Marquise, a Prefeitura de São Gonçalo, assim com os governos Estadual e Federal, não se pronunciaram sobre o problema.

Fonte/texto: O Fluminense