Nutricionista Aurea Astulla citou glúten, soja e caseína como
substâncias  prejudiciais | Foto: Reynaldo Felix
Especialistas da pediatria e nutrição orientam quanto à alimentação adequada em palestra no Lavourão. Programação em prol da conscientização sobre o Transtorno continua ao longo do mês de abril.

Glúten, soja, caseína. Estas são algumas das substâncias alimentares que podem intensificar os sintomas do Transtorno do Espectro Autista. Assim explicaram a pediatra Camila Milagres e a nutricionista Aurea Astulla na palestra “A influência dos impactos ambientais no desenvolvimento das crianças com autismo”, que ocorreu no auditório Centro Cultural Joaquim Lavoura, o Lavourão, nesta quarta-feira (11). A atividade faz parte de uma programação mensal da Secretaria Municipal de Educação com foco na conscientização e capacitação sobre o Transtorno.

Membro da Academia Americana de Pediatria Especial, Camila Milagres pontuou queo autismo pode ser agravado por fatores externos como poluição, vacinas, alimentos, desequilíbrio da flora intestinal, infecções, alterações de imunidade, entre outros. Por conta disso, uma dieta nutricional adequada pode ser eficiente para amenizar os sintomas e tornar a terapia mais eficiente.

“Existem fatores externos que podem afetar o organismo de forma a agravar o autismo. O tratamento do autista deve estar baseado em uma análise profunda de quais aspectos podem provocar esse agravamento, e uma delas é a alimentação, pois as substâncias ingeridas podem implicar em efeitos no cérebro. O desenvolvimento pode avançar quando o acompanhamento dos fatores biológicos é feito de forma paralela ao tratamento com terapias comportamentais, sensoriais e sociais”, explica Camila, que atende na Clínica Escola do Autista gonçalense. A unidade busca recursos para oferecer uma triagem específica no diagnóstico que permita descobrir qual intolerância tóxico-alimentar está agravando a síndrome.

A nutricionista Aurea Astulla orientou os responsáveis por autistas, estudantes de nutrição e profissionais da rede presentes no evento quanto a dietas mais adequadas de acordo com cada caso. Segundo a especialista, em geral, a suspensão da caseína, substância presente no leite animal e seus derivados, do glúten, que é uma proteína comum na farinha de trigo, e da soja pode reduzir a “euforia” excessiva do autista, ajudando a complementar o acompanhamento.

“É importante que a alimentação do paciente autista seja anti-inflamatória e, por isso, o ômega 3 e os antioxidantes são fundamentais. De todas as abordagens, a dieta sem glúten, caseína nem soja, é a que tem revelado efeitos mais positivos no maior número de crianças com autismo. Como esta dieta é muito específica, recomenda-se o acompanhamento de um profissional da área de nutrição”, explica Aurea.

Programação - Em alusão ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, comemorado no dia dois de abril, a Semed oferece uma agenda de atividades ao longo do mês. Na próxima quarta-feira (19), das 13h30 às 17h, o psicomotrista Lincoln Macedo ministra a palestra “Benefícios da prática responsiva para pessoas com Autismo", seguido pelo dentista Carlos Roberto Silva Coutinho, que estará à frente do debate “Um novo olhar odontológico no TEA”. O evento também será realizado no Lavourão.