Carina Vitral | Foto: Divulgação
Na confusão desses dias recentes da história brasileira, surge vinda de Santos uma referência, um ponto de luz no meio da obscuridão de tudo que andam aprontando com o nosso país: ao olhar pra Carina Vitral, noto um foco de resistência, noto que o país continua a produzir uma juventude preparada pra se contrapor às políticas injustas contra a população. Desde que ouvi a Carina falando pela primeira vez, senti em meu coração um alívio num momento que, ao meu redor, emergia estranhamente uma juventude reacionária. A fala da Carina naquele momento era poesia soviética pra minha alma, toda minha tristeza de ver existir retrocesso foi embora nas palavras da Carina. Ela simboliza uma grande expectativa de dias melhores. Através dela, consigo enxergar que volto a ter direito a ser otimista. É lindo demais ver a força do discurso dela, a entrega às causas dos estudantes e, consequentemente, da educação dentro de um universo político que necessita urgentemente de uma juventude muito combativa que, pelo menos, mostre pros canalhas que estão no comando da nação que existe uma grande insatisfação que pode trazer à tona muita luta contra a covardia que vem sendo praticada contra o povo historicamente. Temos uma juventude combativa, mas o caso de Carina Vitral é muito especial, pois o país produziu, através de uma doentia memória da ditadura, uma geração que é capaz de lutar contra a própria pátria. Falta a percepção dos interesses que cada grupo representa. Ver um trabalhador lutar pelos interesses dos grandes empresários é realmente desalentador. A Carina tem no rosto a luz que alimenta a certeza de que nenhuma utopia é em vão. A Carina tem se espalhado pelo país em outras Carinas, e que bom ver que é possível renascer uma juventude que, em sua maioria, possua interesse na sociedade igualitária.

Sinto pela Carina o que senti pela Jandira Feghali e a Jandira segue superando todas as minhas expectativas em relação a ela e o mesmo espero da Carina: que ela supere tudo que espero dela. A linguagem da Carina é atual e atrativa. No momento em que escrevo, a página dela no Facebook tem 65.365 curtidas, número sugestivo pra 2018, embora eu entenda que exista a necessidade de que milhões de pessoas conheçam o discurso da Carina. Durante uns meses, pensei que o Gonzaguinha estava ultrapassado na sua fé na juventude. Aí 2013 vem e me mostra que ela pode reivindicar por dias melhores. De lá pra cá, muitas águas rolaram. Mesmo com muita luta, os adversários da democracia conseguiram o impedimento da Dilma, que foi um duro golpe. As eleições de 2016 foram mais uma punhalada. Agora, em 2017, começam a reacender as chamas das ruas.

Eu, que tive a chance de ver discursos muito sérios da Carina, enxergo nela alguém que pode dialogar num nível elevado com pautas estabelecidas, com embasamento, com lideranças que se informam no patamar que a Carina se informa. Jamais uma manifestação puxada por esse tipo de liderança será um ato que possa ser desprezado. Vejo com esperança e muito otimismo que existe uma semente sendo plantada pela Carina.

Num universo bem mais próximo de mim, tenho o meu amigo Diogo Vieira, meu companheiro de partido, um jovem aguerrido com um engajamento extremo, e tenho a minha amiga Camila Nunes, que o tempo todo demonstra uma linda preocupação com o Brasil. Com certeza, a proximidade com o Diogo e a Camila torna a minha jornada mais feliz.

Cresci na igreja católica, então a palavra vitral sempre significou muito pra mim. Quando penso nos vitrais, quando penso nas Carinas, vejo muitas cores, vejo santos; de alguma forma, em minha alma mora um agradecimento a Carina por luzir tanto aos meus olhos, com toda sua força; uma guerreira que não se abate diante das inúmeras covardias que sofre dos que são inimigos da nação, por ser uma mulher que luta por direitos a mais. Obrigado, Carina, e que com seu clarão você ilumine muitas outras Carinas Vitrais.

Por Rafael Massoto, compositor, poeta e produtor cultural.