Foto: Lucas Alvarenga/Divulgação
O idioma ainda é uma das principais barreiras de integração dos imigrantes no Brasil. É o que constatou uma pesquisa realizada pelo Ipea e o Ministério da Justiça, em 2015. A dificuldade na comunicação ainda é uma realidade na vida dos mais de 50 refugiados da República do Congo, dentre crianças e adultos, que estão residindo no bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, há cerca de quatro anos. Após passarem por Angola e outros países, escolheram o Brasil para chamar de "lar", após fugir dos horrores da guerra civil na República. Para eliminar essa dificuldade e auxiliar na inserção do mercado de trabalho, a secretaria de Desenvolvimento Social , Infância e Adolescência de São Gonçalo, deu início a uma série de aulões de português para os refugiados.

A aula é ministrada pelo facilitador Leonardo Peclat, do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) Jardim Catarina. Ele, que é voluntário no projeto, conta que as aulas serão baseadas na troca de aprendizados.

"Não tenho dúvidas de que será uma experiência maravilhosa. Nesse primeiro encontro já podemos conversar, tirar muitas dúvidas e assim será sempre: uma troca. Eu aprendo com eles e eles comigo", disse o facilitador.

Cerca de 20 pessoas participaram da atividade, e já nomearam o encontro: "Grupo de Estudos da África". Francini Kiezekea, de 28 anos, é  cabeleireira e está no Brasil há pouco mais de um ano. Mãe de duas crianças , de três e cinco anos,a congolesa conta que a dificuldade de se comunicar é um dos principais obstáculos na busca por um emprego.

"Eu fico muito feliz por estarmos sendo ajudados. Quando cheguei aqui não entendia nada da língua, para me comunicar tinha que apontar para as coisas e ia dando o meu jeito. Como poderia fazer uma entrevista se não entendia o que me era perguntado? Mas agora já estamos aprendendo a ler e escrever, e ainda posso ensinar aos meus filhos. Me sinto muito grata por essa iniciativa", relata.

Além dos aulões, que serão semanais, a secretaria realizou em abril um grande mutirão para que as famílias fossem cadastradas nos programas sociais do Governo Federal, garantindo assim o exercício da cidadania e o acesso aos direitos básicos. Os serviços incluíram cadastro no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS), que é a porta de entrada para os demais benefícios como Bolsa Família, Cadastro único (CadÚnico), cadastro social na Enel, dentre outros.

Para o secretário de Desenvolvimento Social, Marlos Costa, acolher e contribuir para o desenvolvimento social de cada uma dessas famílias em vulnerabilidade é um compromisso que será cumprido.

"Tivemos a oportunidade de conversar com as famílias, onde muitas delas foram separadas pela guerra e hoje estão em busca uma nova vida e novas oportunidades. A secretaria precisa integra-las e inseri-las nos programas sociais do Governo Federal, e faremos o que for possível para que elas tenham oportunidades de escrever uma nova história. Essas pessoas merecem e vão ser acolhidas", afirmou.