Foto: Marcos de Paula/Agência O Globo
Candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro pelo MDB, Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio, foi entrevistado pelo editor do blog A política RJ, Claudionei Abreu, onde apresentou suas propostas para São Gonçalo e para o estado, caso seja eleito. Entre elas, Paes afirma querer lutar pelas barcas, pelo BRT e pela ampliação do efetivo da PM na cidade. Confira:

Claudionei Abreu — Candidato, São Gonçalo é atualmente a cidade com a pior renda per capita do Estado. Enfrentamos problemas na área da saúde, com as obras do hospital da mulher paradas, por exemplo; Na educação, com o fechamento de turmas e abandono de colégios e na segurança, com roubos acontecendo diariamente na cidade. Quais medidas a curto prazo o governo do estado pode realizar na cidade? 

Eduardo Paes — O que é um problema em todo o estado, em São Gonçalo é uma tragédia. Porque uma cidade ter 1,3 milhão de habitantes e ter a quantidade de policiais que tem, não pode. A comparação que sempre fazem infelizmente é verdadeira. São Gonçalo tem menos policiais que a UPP da Rocinha. É inaceitável uma cidade deste tamanho, com um só batalhão de polícia e com o efetivo atual. Isso nós vamos mudar. São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Baixada Fluminense serão prioridades. Tem que aumentar efetivo e policiamento nas ruas, principalmente com foco nos homicídios e roubos.

Claudionei Abreu — Quais são as suas propostas de governo para São Gonçalo?

Eduardo Paes — São Gonçalo é um município que terá prioridade em minha gestão. E até por isso, busquei soluções eficientes e duradouras. Não quero fazer uma obra aqui ou outra ali que nada vai resolver. Antes de tudo, vamos pensar na mobilidade, que é um problema crucial da população. Para isso, pretendo fazer o BRT da Niterói Manilha, na RJ 104. Além disso, quero tirar finalmente do papel a linha de barcas São Gonçalo x Praça XV. É um absurdo que até hoje essa linha ainda não exista. Outro grande problema na região é o saneamento. Esse é o tipo de obra que não aparece e, por isso, muitos políticos vão adiando. Mas vou fazer em São Gonçalo o que fiz na Zona Oeste da cidade do Rio, quando fui prefeito. Peguei uma região que corresponde a 48% do território da capital, onde moram mais de 1,7 milhão de pessoas, com uma parcela da população onde predomina famílias com renda média de R$ 1,4 mil, e resolvi o problema de saneamento ao conceder o serviço por 30 anos para a iniciativa privada. E na Segurança precisamos focar no combate ao roubo de cargas e arrastões na Niterói-Manilha. Também temos de resolver o problema do crime organizado que se instalou, principalmente, no Salgueiro, Jardim Catarina e no Menino Deus. E essas soluções estão integradas ao meu plano de governo para a área de Segurança Pública. Outra questão urgente é pensar nos jovens de São Gonçalo, que hoje não podem sonhar com um futuro melhor. Por isso, pretendo desenvolver na rede um ensino médio profissionalizante, que de fato converse com uma proposta de desenvolvimento econômico.

Claudionei Abreu — Em São Gonçalo o senhor conta com o apoio do prefeito José Luiz Nanci, do PPS, que hoje tem, segundo pesquisas na cidade, um dos maiores índices de rejeição popular comparando com os ex-prefeitos. O senhor acha vantagem este apoio?

Eduardo Paes — Todos os prefeitos do estado têm um papel fundamental nos serviços prestados à população, as prefeituras passam por um momento de muita dificuldade, por causa da crise econômica e pela ineficiência do governo estadual. Então, vou recuperar a máquina do estado, colocar os serviços do estado para funcionar e ajudar muito os prefeitos para que eles possam prestar um serviço adequado à população.

Claudionei Abreu — O Democratas fechou uma aliança com o MDB, seu ex-partido, que governou o estado nos últimos anos e responsável por grande parte da crise que se instalou no Rio de Janeiro. Acha vantagem essa aliança?

Eduardo Paes — Não tenho constrangimento em receber o apoio do MDB, porque os partidos são formados por pessoas. E se as pessoas cometem erros, que essas pessoas paguem pelos seus erros, como temos visto. Saí do MDB porque não concordo com vários fatos que ocorreram e tinha de dar uma satisfação à sociedade. E até para evitar que episódios de corrupção voltem a ocorrer, vou criar a Secretaria de Integridade Pública, que terá um Conselho de Integridade e Conformidade, Teste de Integridade para os servidores e um Disque-Denúncia da Corrupção. Além de várias metas e objetivos, como alcançar o primeiro lugar do ranking de transparência do Ministério Público Federal no primeiro ano de governo. Hoje o Rio é 16º lugar.

Claudionei Abreu — Na cidade do Rio, muitas obras mudaram a aparência da cidade durante sua gestão, que foi marcada pela Copa e pelas Olimpíadas. Qual é a experiência que o senhor teve na capital que pretende levar para o governo do estado? 

Eduardo Paes — Sei que a expectativa das pessoas é a de que a gente vai chegar no governo do Estado e vai reproduzir esse momento de muitas obras e intervenções. Mas são momentos distintos e temos de priorizar alguns temas urgentes no Estado. Primeiro, estar com os pés no chão e fazer as tarefas que chamamos de feijão com arroz: recuperar os serviços mais básicos, botar a saúde para funcionar, colocar a educação para funcionar e dar aos servidores o mínimo de condições para trabalharem. Porque se a gente não tiver como obrigação essa recuperação dos serviços essenciais, se tentar improvisar esse feijão com arroz, dificilmente a gente consegue dar respostas aos desafios que a população enfrenta.

Claudionei Abreu — Um dos maiores problemas para a população fluminense, segundo pesquisas, é a segurança pública. Qual é a sua opinião sobre a intervenção federal e o quais medidas o senhor pretende tomar na área caso seja eleito?

Eduardo Paes — A Segurança Pública é o grande desafio que temos no estado e a solução não vai ser a curto prazo. A verdade é que faltou comando no Rio e a intervenção foi necessária. Mas ela tem um prazo para terminar, que é em dezembro de 2018. Sou candidato a governador para cuidar da Segurança Pública. Será minha responsabilidade cuidar da Segurança Pública.  Mas vamos continuar a trabalhar e realizar parcerias com as Forças Armadas. Até pelo papel que elas representam, com sua inteligência e seriedade, são muito importantes na Segurança Pública. Precisamos recuperar o nosso direito de ir e vir mas não tem solução mágica. Tem, sim, trabalho, esforço, planejamento, novos modelos de policiamento e gestão.

Hoje o domínio territorial é tão grande que a abordagem precisa ser dividida de acordo com a situação do território: dominado pelo crime organizado - milícia ou tráfico - ou sob o controle do Estado. Vamos restabelecer o  sistema de corregedoria independente, coordenada com o Ministério Público e a Polícia Federal, para juntas atuarem no combate à corrupção policial e a Penitenciária.

Claudionei Abreu — O senhor acredita que vai ser difícil fazer campanha em Maricá?

Eduardo Paes — Não. Até porque já estive por duas vezes em Maricá e fui muito bem recebido. Já pedi desculpas à população pela brincadeira de extremo mau gosto. prefeito de Maricá já foi meu secretário durante o ano de 2015 e início de 2016. Aliás, Maricá hoje é uma das  poucas cidades em ótima condição no nosso estado.

Claudionei Abreu — O senhor já tem nomes para um eventual governo? Principalmente na segurança? 

Eduardo Paes — Ainda não tenho. Mas o que posso garantir que a exemplo do que fiz na prefeitura do Rio montaremos o melhor time para o estado.

Claudionei Abreu — Por que a população deve votar em Eduardo Paes para governador?

Eduardo Paes — Após trabalhar uma ano na iniciativa privada, após 25 anos de vida dedicados ao serviço público, vi que a minha paixão é servir ao público, eu quero poder continuar fazendo política. Eu era o prefeito mais feliz do mundo e agora quero ser o governador mais feliz do mundo. O Estado do Rio está passando por um momento de crise profunda e o próximo governador vai precisar ter muito diálogo com o Governo Federal, muita capacidade de gestão. A Saúde, a Educação, a Segurança precisam voltar funcionar, os serviços mais básicos.  Para isso é preciso ter comando. Nós precisamos gradualmente inverter esta curva: Reduzindo a violência nas ruas, recuperando territórios ocupados pelo crime, impedindo a expansão de novos territórios. Precisamos voltar a ter orgulho do nosso Estado.